Já ouviu falar em preço médio?
É quando você compra mais ações, ou qualquer outro ativo, de um papel que está em baixa, na tentativa de reduzir o valor médio pago por ação e diminuir o rombo.
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Pode ser uma boa estratégia... ou não!
Parece uma boa ideia, né? Afinal, você está adquirindo o ativo mais barato para baixar sua média. Mas cuidado, pode ser uma cilada perigosa!
Aqui vamos explicar direitinho como funciona essa estratégia e em que situações vale (ou não vale) a pena colocar em prática.
Preste bastante atenção, porque se usada de forma equivocada, a operação em preço médio pode fazer você perder uma grana considerável.
Vamos lá:
O que é preço médio afinal?
É simplesmente calcular a média dos preços pagos por todas as suas compras de um mesmo ativo em um determinado período. Um exemplo numérico ajuda a entender melhor:
- Você comprou 100 ações a R$10 cada
- Algum tempo depois, comprou mais 100 a R$8
- Seu preço médio ficou R$9 por ação [(100x10 + 100x8) / 200]
Viu? Ao comprar o segundo lote mais barato, você diminuiu o preço médio da sua posição total nesse papel. Faz sentido até aí?
Quando o preço médio pode ajudar? A ideia por trás do preço médio é justamente essa: você compra mais ações (ou contratos, ou cotas, ou o ativo que for) quando o preço cai, reduzindo o valor médio pago por unidade.
Aí, se o ativo subir de novo, você consegue vender tudo no lucro.
Pode até funcionar em certas situações específicas, mas é muito arriscado apostar todas as fichas nisso como estratégia. Por quê?
Vamos entender os perigos envolvidos.
Os grandes riscos do preço médio
- O ativo pode continuar caindo indefinidamente depois que você reforçar a posição
- Seu prejuízo vai aumentar cada vez mais, já que terá mais unidades compradas a preço alto
- É muito fácil se deixar levar pela emoção e ficar comprando lotes desesperadamente
- Se não definir um stop loss antecipadamente, pode perder muito mais dinheiro do que planejava
Ou seja, tentar "consertar" uma operação perdida entrando em preço médio costuma dar muito errado.
Não é uma boa estratégia para sair de posições deficitárias.
Veja só alguns exemplos:
- Você compra 1000 ações a R$10 = R$10.000 investidos
- O papel cai pra R$8 -> prejuízo de R$2.000
- Você compra mais 1000 a R$8 -> investe mais R$8.000
- Agora tem 2000 ações a um preço médio de R$9
- Se continuar caindo pra R$6, seu prejuízo aumentou pra R$6.000!
Percebe o risco? Você pode terminar perdendo muito mais que o prejuízo inicial, tudo na ilusão de baixar seu preço médio.
Por isso, usar o preço médio apenas para tentar recuperar uma posição perdida é uma péssima estratégia.
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Então quando devo (ou não) usar o preço médio?
A melhor e mais segura forma de eventualmente aproveitar o preço médio é:
- Com objetivos e análise técnica/fundamentalista muito claros, não por impulso emocional
- Tendo definido um stop loss rígido antes mesmo de entrar na operação inicial
- Para aumentar exposição em um ativo que você realmente acredita, não só correr atrás de prejuízo
- Se operar na análise fundamentalista de longo prazo, dá mais tempo para analisar bem
Agora, se você é day trader ou swing trader de curtíssimo prazo, dificilmente o preço médio será uma boa pedida.
As decisões são muito rápidas e emocionais, então é mais fácil se complicar usando essa estratégia.
Dobrar apostas pode multiplicar o prejuizo
A ideia por trás do preço médio de continuar comprando mais lotes de um ativo que está caindo, na esperança de que a média de compra fique menor e o ativo eventualmente suba, é muito semelhante à lógica da Martingale.
Assim como na Martingale você dobra sua aposta após uma perda, com o preço médio você está essencialmente "dobrando a aposta" ao comprar mais posições de um ativo perdedor.
A falácia em ambas as estratégias é acreditar que uma recuperação inevitavelmente ocorrerá, ignorando o risco de a queda se aprofundar indefinidamente.
E quanto mais você insiste, reforçando as posições perdedoras, maiores serão os prejuízos potenciais.
Por isso, usar o preço médio apenas na tentativa desesperada de recuperar uma posição já perdida é considerado tão arriscado quanto aplicar a Martingale nos jogos.
Você pode eventualmente ter êxito, mas as chances são pequenas e o risco de ruína é muito alto.
A melhor abordagem é utilizar o preço médio, se utilizar, com muito critério, análise fria e stops Loss pré-definidos.
Da mesma forma que a Martingale só funcionaria com limitação de perdas. Mas ambas as estratégias são consideradas altamente arriscadas por investidores experientes.
A hora certa de sair de uma operação
Aproveitar boas oportunidades, sim. Tentar recuperar posições perdidas, não!
O preço médio pode até render alguns lucros se usado com muita cautela, disciplina e critério. Mas tentar usá-lo só para tentar zerar prejuízos já consolidados, é pedir para se complicar ainda mais.
A melhor atitude é sempre manter a cabeça fria, respeitar stops pré-definidos e aproveitar realmente boas oportunidades que o mercado oferecer quando sua análise identificá-las.
Fique muito esperto para não cair na cilada emocional do preço médio!
Aviso Importante: Isso não é uma recomendação de investimento. Valores, aplicações, investimentos, serviços, taxas, rendimentos, projeções, dividendos, isenções, tributos, impostos, séries, leis e regulamentos estão sujeitos a mudanças sem aviso prévio, e são de responsabilidade das autoridades reguladoras competentes. Este artigo busca ser informativo, mas apesar de nossos esforços, pode estar desatualizado. Recomendamos verificar as referências citadas antes de tomar decisões.